A preocupação com a Justiça já marcava os últimos dias na Presidência de Michel Temer (MDB), preso nesta quinta-feira (21) em um desdobramento da Operação Lava Jato. A prisão foi autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro.
"As investigações apontam que a organização criminosa praticou diversos crimes envolvendo variados órgãos públicos e empresas estatais, tendo sido prometido, pago ou desviado para o grupo mais de R$ 1,8 bilhão", afirmou o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro em nota sobre as prisões.
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O ex-presidente Temer - que chegou ao Palácio do Planalto em maio de 2016 após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e deixou o poder em 1º de janeiro, com apenas 5% de aprovação popular - passou seus momentos finais como presidente em reuniões com membros do seu governo e aliados próximos, além de pequenas homenagens em reconhecimento aos feitos do seu governo.
Mas duas semanas antes de Temer passar a faixa presidencial para Jair Bolsonaro (PSL), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou a terceira denúncia criminal contra ele durante seu mandato, dessa vez por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no inquérito que apurava um esquema criminoso no setor de portos.
No total, Temer deixou o governo com três denúncias criminais - todas foram enviadas à primeira instância assim que acabou seu mandato. Além da mais recente envolvendo o setor de portos, as duas primeiras partiram da delação de executivos da JBS e acusam Temer e aliados de receber propinas de empresas beneficiadas por decisões do governo ou contratos públicos.
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Histórico das denúncias
O pesadelo do então presidente começou quando recebeu, tarde da noite em março de 2017, no Palácio do Jaburu, o empresário da JBS Joesley Batista.
Em gravação feita pelo executivo, o então presidente é ouvido falando "tem que manter isso aí, viu?", sobre a boa relação de Joesley com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que já estava preso em Curitiba.
O ex-presidente nega todas as acusações e se diz vítima de uma perseguição.
Esses, no entanto, foram apenas os últimos eventos da agitada trajetória de Temer como jurista, deputado e um dos principais articuladores políticos do Congresso, assumindo a Presidência da Câmara por duas vezes.
Relembre abaixo o que marcou a vida de Temer antes das denúncias.
Antes da Presidência, 'conciliador' e 'tranquilo'
Até dezembro de 2015, antes da abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff, a imagem que prevalecia de Temer era aquela cultivada por ele durante os 34 anos de vida pública - e alimentada por amigos e aliados: a do político "ponderado", "formal", "conciliador", "tranquilo".
A crise, contudo, revelou aspectos diferentes da persona política do então vice-presidente da República e a necessidade de se entender quem é, afinal, o político conhecido como "esfinge" do MDB.
O jogo mudou na já histórica carta-desabafo dirigida a Dilma seis dias após a abertura do processo de impeachment. No texto, em tom sentimental, ele lamenta a condição de "vice decorativo" e diz ser alvo de "desconfiança" e "menosprezo" do governo.
O episódio foi um ponto fora da curva que marcou o afastamento de Temer do governo - e mostrou outra nuance da personalidade do vice-presidente.
Criticado até dentro do MDB pela carta, considerada por alguns "infantil" e "primária", em 2016, Temer parece ter seguido a lição de seus próprios versos, como os do poema "Exposição", publicado no livro Anônima Intimidade (2013).
Depois, retomou a atitude fria do político que acumulou prestígio atuando das portas dos gabinetes para dentro e se lançou na articulação do desembarque do MDB do governo.
Juventude em São Paulo
A família de Temer, de cristãos maronitas, emigrou para o Brasil em 1925, fugindo dos problemas do pós-guerra no Líbano. Comprou uma chácara em Tietê (SP), cidade de 40 mil habitantes entre Sorocaba e Piracicaba, e instalou uma pequena usina de beneficiamento de arroz e café.
Caçula temporão de oito irmãos, Temer nasceu e foi criado na área rural. Quando criança, passava férias na capital e era arrebatado pela metrópole. "Tinha a sensação que o mundo era São Paulo", disse certa vez.
No primeiro ano colegial, ainda em Tietê, o adolescente ficou em recuperação em química e física ,e desistiu do chamado curso científico, que privilegiava ciências exatas e biológicas.
Em 1957, aos 16 anos, chegou a São Paulo, desta vez para terminar o colegial no curso clássico, com ênfase em humanas e letras. Fez o cursinho do professor Castelões, famoso preparatório para Direito, e ingressou na USP, seguindo o caminho de quatro irmãos mais velhos.
Envolveu-se com política logo no primeiro ano de universidade, quando se tornou segundo-tesoureiro do Centro Acadêmico 11 de Agosto. Prevalecia à época no movimento estudantil uma onda nacionalista, inspirada pela revolução cubana de Fidel Castro e o princípio da autodeterminação dos povos, mas a faculdade do Largo São Francisco mantinha a tendência liberal.
Em 1962, já em meio ao clima que culminaria dois anos depois no golpe que derrubou João Goulart, Temer foi candidato a presidente do CA - perdeu por 82 votos, mas inoculou-se do gosto pela política, que ficaria dormente durante a ditadura militar.
"Confesso que durante a faculdade fiz muita política acadêmica, então sobrava pouco tempo para estudar, embora estudasse para não ser reprovado", disse Temer em vídeo publicado em seu canal no YouTube.
Professor liberal, constitucionalista respeitado
Neutro diante do golpe de 1964, Temer passou o regime militar longe da vida política. Montou um escritório de advocacia e começou a dar aulas de Direito na PUC-SP.
Como professor, costumava dizer no primeiro dia de aula que todos estavam aprovados. "Vamos combinar o seguinte: não tem lista de presença, vocês estão aprovados. Quem quiser frequenta a aula. Até se vocês não vierem, facilitam minha vida, porque vou ao escritório mais cedo trabalhar na advocacia", afirmava.
No mestrado que coordenava na PUC, teve alunos que viriam a se tornar ministros do Supremo Tribunal Federal, como Luiz Edson Fachin e Carlos Ayres Britto.
"Ele sempre foi sereno e conciliador por natureza", disse Ayres Britto à BBC News Brasil. "Tem uma vocação acadêmica muito forte, e nunca pensei que fosse incursionar pelo campo da política partidária."
Em 1982, lançou Elementos de Direito Constitucional, livro que vendeu mais de 240 mil cópias, está na 24ª edição e até hoje é referência nas universidades.
"É uma obra bem primária, mas com valor didático. Não é inovadora. (Temer) não é considerado um grande teórico, mas um grande expositor", avalia o jurista Dalmo Dallari, professor emérito da USP e crítico ao impeachment de Dilma.
No mesmo ano da publicação do livro, Temer foi convidado pelo governador eleito Franco Montoro, do recém-fundado PMDB, a assumir a Procuradoria-Geral do Estado. Montoro tinha sido professor da PUC e ambos haviam convivido na faculdade.
Era seu primeiro cargo público de relevo. "Eu tinha 41 anos e achava o máximo para a minha carreira ter mil procuradores sob meu comando", disse Temer em 2010 à revista Piauí.
Meses depois, Temer assumiria a Secretaria de Segurança Pública do Estado, substituindo o advogado José Carlos Dias, que justamente havia sugerido Temer para a Procuradoria do Estado.
Eram tempos de redemocratização e agitação social, e a gestão ficou marcada por episódios em que o secretário negociou pessoalmente o fim de invasões de prédios públicos por estudantes e militantes sem-teto. Como realizações do período, ele costuma citar a criação das primeiras delegacias de defesa da mulher e de direitos autorais do país.
Início da carreira política
Por sugestão de Montoro, Temer candidatou-se a deputado federal pelo PMDB em 1986. Com 43.747 votos, ficou como suplente, mas assumiu o cargo no ano seguinte e participou da Assembleia Constituinte.
Naquelas discussões, opôs-se à emenda popular da reforma agrária ("permitiria a desapropriação indiscriminada de terras") e ao voto aos 16 anos - algo que, segundo ele, abriria margem para reduzir a maioridade penal. Ajudou a aprovar projetos como o dos juizados de pequenas causas, do Código de Defesa do Consumidor e a extensão do voto a cabos e soldados.
Em 1990, em outra candidatura à Câmara dos Deputados, saiu com 32.024 votos e uma nova suplência. Logo seria convidado a "apagar um incêndio", algo que se repetiria ao longo da carreira política.
Em outubro de 1992, assumiu novamente a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, desta vez por convite de Luiz Antônio Fleury Filho (à época no PMDB), uma semana após o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar.
"É organizado. Delegava para pessoas de absoluta confiança. Nada escapava dele e tomava providências", disse à BBC Paulo de Tarso Mendonça, que foi adjunto de Temer na pasta.
Ao final da passagem pela secretaria, assumiu o mandato de deputado federal. Seria reeleito em 1994, com 70.968 votos, e multiplicaria a votação nos pleitos seguintes: 206.154 em 1998, 252.229 em 2002.
Parcerias tucanas e petistas
Os anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foram o auge de Temer nas urnas para eleições legislativas - em 2006, sua última eleição ao Congresso, obteve 99 mil votos e só entrou pelas sobras do quociente eleitoral. Também marcaram sua rápida ascensão dentro do PMDB.
Eleito líder do partido duas vezes, chegou à Presidência da Câmara pela primeira vez em 1997, com apoio do governo FHC, costurado mediante promessa dos votos de parte do PMDB à emenda da reeleição. Arranjo parecido se deu em sua segunda eleição ao comando da Casa, que se deu após o PMDB apoiar informalmente a reeleição de FHC.
Comumente descrito por aliados como "sereno', "tranquilo" e "conciliador", Temer teve raras rusgas políticas em público. Uma delas foi em 1999, quando entrou em rota de colisão com o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (então no PFL, atual DEM), por divergências em torno da reforma do Judiciário.
No bate-boca, que chegou a paralisar o Congresso, ACM disse que Temer tinha "pose de mordomo de filme de terror" e insinuou o envolvimento do colega em irregularidades no Porto de Santos, para o qual o peemedebista havia feito indicações políticas.
"Quem atravessou a praça dos Três Poderes para pedir ao presidente da República que ajudasse um banco falido não fui eu", rebateu Temer, em referência à ação de ACM em favor do hoje extinto Banco Econômico.
Na eleição de 2002, Temer endossou o apoio do PMDB à candidatura presidencial de José Serra (PSDB), e chegou a ser cogitado para ser vice da chapa - posto que acabou com Rita Camata. No primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, manteve-se no grupo do PMDB da Câmara identificado como oposição, enquanto Lula apostava no PMDB do Senado, de Renan Calheiros e José Sarney.
Os primeiros anos da era Lula foram magros para Temer. Distanciou-se do centro do poder em Brasília, perdeu cargos na Mesa Diretora da Câmara e indicações em estatais. Em 2004, candidatou-se a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Luiza Erundina (PSB) e amargou um quarto lugar, com 4% dos votos.
O cenário começou a mudar em 2005-06, após a maior crise do governo Lula, a do mensalão, esquema ilegal de financiamento político organizado pelo PT para garantir votos no Congresso. O PMDB negociou apoio ao presidente e passou a integrar formalmente o governo em 2007, ampliando sua fatia em ministérios e estatais.
Em acordo semelhante ao fechado com o PSDB nos anos FHC, o PMDB defendeu a eleição do PT à Presidência da Câmara no biênio 2007-2009, em troca do poder no período seguinte - em 2009, Temer assumiu a direção da Casa pela terceira vez.
Naquele mesmo ano, Temer foi citado na operação Castelo de Areia, que investigou um suposto esquema de financiamento político ilegal pela construtora Camargo Corrêa - hoje envolvida na operação Lava Jato.
A operação acabou anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por irregularidades na coleta de provas, e Temer sempre rechaçou as suspeitas.
Chegada ao Planalto
Em 2010, Temer foi convocado mais uma vez ao papel de bombeiro: desta vez para garantir a estabilidade do sistema político como vice na chapa de Dilma Rousseff. O deputado unia em torno de si um partido historicamente dividido, e com um discurso que buscava superar a fama de fisiologismo da sigla.
"Antigamente, o PMDB entrava na eleição dividido para depois negociar apoio ao governo eleito, por isso era chamado de fisiologista pela imprensa. Mas isso acabou. Estamos entrando na campanha juntos e governaremos juntos", dizia às vésperas do anúncio da aliança na chapa.
Na campanha de 2010, Temer ficou praticamente de fora dos programas e propagandas eleitorais - apareceu no rádio e na TV apenas no segundo turno.
Já como inquilino do Palácio do Jaburu, a residência oficial do vice-presidente, reforçou a discrição, segundo um ex-assessor. Recusava muitos pedidos de entrevista, mas conversava diretamente com colunistas com quem tem relação mais antiga.
Casamento com Marcela e famílias
Aos 78 anos, Temer está no terceiro casamento, com Marcela Temer, ex-modelo e bacharel em direito de 35 anos. Ambos possuem um filho de sete anos, Michel Temer Filho, o Michelzinho.
O ex-presidente e a mulher se conheceram em 2002, durante a campanha eleitoral. O pai dela, um economista conhecido de políticos de Paulínia (SP), cidade de 100 mil habitantes na região de Campinas, sugeriu que fossem cumprimentar o prefeito - e o então candidato a deputado federal Temer estava por lá.
"Era um contato profissional que poderia me ajudar a dar um up na carreira (de modelo). Mas achei ele charmosão", disse Marcela numa rara entrevista, em 2010, à revista TPM. Depois da eleição, o pai de Marcela sugeriu que enviasse um e-mail ao deputado eleito parabenizando-o pelo resultado.
O namoro - o primeiro de Marcela - começou logo após o primeiro encontro, quando recebeu uma ligação do deputado. "Ele começou a gritar: 'te amo', 'te amo', 'te amo'", disse Marcela na entrevista de 2010. Casaram-se quatro meses depois.
Além de Michelzinho, Temer tem três filhas do primeiro casamento - Luciana, 46 anos, advogada, Maristela, 44 anos, e Clarissa, 42 anos, psicólogas e psicanalistas. Ele também tem um filho de 16 anos, fruto de um relacionamento com uma jornalista de Brasília.
De 'vice decorativo' a rompimento com o governo Dilma
Nos quatro anos seguintes à vitória da chapa presidencial, Temer assumiu papel coadjuvante no governo, como deixou claro na polêmica carta à Dilma.
"Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas", escreveu.
Os sinais mais nítidos de desgaste na relação com o Planalto começaram em 2013. Naquele ano, Temer bancou, contra a vontade do Planalto, a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para liderança do PMDB na Câmara. Mais tarde, após as manifestações de 2013, disse que a ideia de uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política, uma das propostas de Dilma diante dos protestos, era "inviável".
Na ocasião, o vice disse ainda acreditar que os protestos não pediam a renovação dos políticos, mas do sistema político.
"Esse movimento não foi contra os políticos A, B ou C. Se fôssemos nessa linha, todos os Legislativos e Executivos tinham que sair de seus postos."
A tensão se reduziu na campanha da reeleição em 2014. Temer subiu em palanques com Dilma pelo país e foi o primeiro a ser citado pela presidente no pronunciamento após a vitória.
"Depois de ter sido um grande vice, se transformou num incansável e aguerrido militante, fervoroso militante, que andou o Brasil defendendo o nosso projeto, nossas propostas e nosso governo", afirmou Dilma.
Em 2015, diante do agravamento da crise política e econômica, PMDB e PT divergiram na eleição à Presidência da Câmara. Temer e seu partido defenderam a candidatura vencedora de Cunha.
Meses depois, Temer ensaiou mais uma vez o papel de bombeiro. Assumiu a articulação política do governo em abril, mas deixou a função quatro meses depois, no final de agosto.
Poucas semanas antes da saída, concedeu uma entrevista na qual, nervoso, disse que o país precisava de "alguém (que) tenha a capacidade de reunificar a todos".
A interpretação corrente foi de que o vice se lançara como alternativa política porque a ideia do impeachment se tornara real.
Meses depois, veio a carta a Dilma.
O impeachment esfriou no começo de 2016 e Temer deu a impressão de recuo. Mas a situação de Dilma se agravou com a delação premiada do então senador Delcídio Amaral (PT) e as investigações sobre Lula, e Temer passou a liderar a articulação pela saída do PMDB do governo, ampliando o isolamento da presidente.
Algumas reformas, baixa popularidade
Ao fim de seu governo, Temer fez um balanço positivo em que destacou a aprovação da reforma trabalhista, em 2017, como uma de suas principais vitórias. Apresentada pelo Executivo no ano anterior, a medida - junto à reforma da Previdência e o teto de crescimento dos gastos públicos - era uma das principais promessas do governo para fazer a economia voltar a crescer.
A reforma trabalhista, que alterou profundamente a Consolidação das Leis Trabalhistas e criou novas formas de contratação, ficou menos de sete meses nas Casas antes da aprovação.
No entanto, seus resultados ainda são questionados: os efeitos legislação na geração de emprego, por exemplo, são considerados imprecisos. No trimestre encerrado em janeiro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego no país subiu, chegando a 12%. A comparação com o mesmo período do ano anterior não mostra melhoras.
Outra medida priorizada pelo governo, o teto para o crescimento dos gastos públicos, que serviria para colocar ordem nas contas públicas, também foi aprovada em 2016. No entanto, sem a reforma da Previdência, que ainda está em tramitação, sua capacidade de melhorar a situação fiscal do país é limitada.
Mesmo assim, Temer disse durante uma homenagem que recebeu em dezembro, em um evento em São Paulo, que se "regozijava" de ter colocado o assunto em discussão.
"Me regozijo pelo fato de ter colocado esse tema na pauta com muita rapidez e entusiasmo."
Ele considerou que o reconhecimento ao seu governo estava chegando, depois de altos índices de rejeição.
"Nós tivemos um governo, chegando agora ao final, que começa a ser reconhecido. A popularidade é algo que você já hoje, tem objeções, observações, mas é aplaudido amanhã. O meu amanhã está chegando."
A impopularidade foi outro ponto marcante dos anos de Temer frente à Presidência. Ele teve taxas de impopularidade históricas. Nos dias finais do governo, em dezembro, uma pesquisa da CNI-Ibope, mostrou que 74% dos entrevistados consideravam sua gestão ruim ou péssima.
Últimos dias no Planalto
Pouco antes do fim do seu mandato, quando era questionado por jornalistas se temia ser preso ao deixar o Planalto e perder as proteções garantidas pelo cargo de presidente, Temer se dizia ofendido.
"Não estou preocupado com esse assunto. Até porque chicotear o presidente é uma coisa. Já o ex-presidente já não vai ter muita graça", disse à revista Época, indicando uma expectativa de que a perda de poder lhe daria mais sossego.
"Lógico que ele tem preocupação. Todo mundo que eventualmente tem algum tipo denúncia (sente preocupação)", afirmou então à BBC News Brasil o deputado federal Beto Mansur (PRB-SP), um dos aliados que mantiveram visitas ao então presidente mesmo no fim do mandato.
"Mas todos nós que trabalhamos na defesa do presidente sabemos que aquelas denúncias, que foram rechaçadas pela Câmara, são completamente inócuas", acrescentou.
A agitação das denúncias, no entanto, não se transferiu para a agenda de Temer. Diferentemente do início de sua administração, quando Temer recebia em seu gabinete grandes lideranças empresariais como a presidente mundial do banco Santander e o presidente mundial da Basf, a agenda do então presidente não mostrava compromissos dessa estatura em novembro e dezembro do ano passado.
Nesse período, foram poucas as viagens para outros Estados do país, parte delas também para ser homenageado, incluindo a inauguração do Centro de Memória Presidente Michel Temer, na Faculdade de Direito de Itu, no interior de São Paulo, instituição privada onde foi professor de 1969 a 1984.
O local, que abrigará presentes, cartas, álbuns de fotografias e livros que o presidente recebeu em seu mandato, traz também uma linha do tempo de sua vida.
(Com reportagem de Mariana Schreiber e Thiago Guimarães)
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