Fazendeiro sofre dez atentados após fazer denúncias ao Ibama que podem ter motivado Operação Ojuara
Por: Freud Antunes, especial para o Diário do Acre
Pecuarista foi parar na UTI duas vezes; o filho teve os dois pulmões perfurados
Proprietário da Fazenda São José, no seringal São Domingos, a 40 quilômetros da fronteira com o estado de Rondônia, José Roberto Passos foi um dos autores das denúncias que podem ter resultado na Operação Ojuara, da Polícia Federal. Vítima de dez tentativas de homicídio, ele as atribui às queixas encaminhadas ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O dono da propriedade que mede 13,4 mil hectares, localizada do lado acreano da fronteira, próximo à Ponta do Abunã e ao Sul do Amazonas, Passos afirma que por várias vezes os madeireiros, apoiados por 80 ou 100 homens armados, invadiram sua área de terra para derrubar árvores e roubar as toras.
Roberto Passos com o filho Luis, na UTI/Cedida
Após tantas denúncias, ele conta que os madeireiros voltaram a contratar pistoleiros e o filho dele, Adans Luiz Oliveira Passos, acabou sendo o alvo da tocaia. Luiz teve os dois pulmões perfurados durante o tiroteio, cometido em Rio Branco, no ramal Brindeiro, na Vila Acre.
“Identifiquei todo mundo, mas como o próprio órgão que cuidava está envolvido, o Ibama, aí, toda vez que fazia uma denúncia eu sofria um atentado. Sofri os últimos três atentados, e dessa última vez atiraram no meu filho, mas era pra mim. Meu filho está com os dois pulmões perfurados. O atentado foi no dia 22 (de abril deste ano)”, disse.
Luiz dirigia uma caminhonete com películas escuras nos vidros das janelas, e certamente foi alvo dos disparos porque acabou confundido com o pai.
O próprio Passos, vítima de outros crimes semelhantes – sendo um deles em 2017 –, teve a caminhonete metralhada por 118 tiros, tendo sido atingido por quatro e o filho por outros seis.
Veículo metralhado em emboscada/Cedida
“Essa foi a décima vez, e por três vezes tive que vir para a UTI [Unidade de Tratamento Intensivo]”, conta.
Passos diz ter perdido metade dos órgãos devido às recorrentes tentativas de homicídio: rins, baço e pulmão. Ele também foi atingido no fígado.
Sempre que tinha invasão, eu procurava meus direitos, ia ao Ibama. Tempos depois eu sofria outro atentado. De tocaia, sofri quatro atentados na fazenda, duas em Extrema, três na California e uma aqui [em Rio Branco]”, diz emocionado por ter sonhado com projetos produtivos para área, os quais não pôde executar.
Além da violência de que ele e o filho foram vítimas, o fazendeiro afirma ter sofrido com o prejuízo de R$ 10 milhões – parte dos quais provenientes de multas aplicadas pela derrubada de madeira feita por invasores.
Marcas da violência/Cedida
“[Na localidade] A única terra documentada é a minha. Estava com quatro projetos lá. O problema meu não foi sem-terra. Meus problemas são os pistoleiros e a ganância dos madeireiros. Tudo pela ganância dos madeireiros, inclusive uns já estão preso”, afirmou.
Roberto explicou ter mais de 200 queixas registradas em diferentes órgãos. Além do Ibama, ele teria procurado o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal, as polícias de Rondônia, Amazonas e do Acre.
Operação Ojuara
A Operação Ojuara, deflagrada nesta semana pela Polícia Federal (PF), prendeu servidores do Ibama, Policiais Militares e fazendeiros acusados de crimes ambientais.
Os servidores do Instituto são acusados de fornecer informações sobre operações que seriam realizadas ou de preencher os autos de infração de forma errada para facilitar o ajuizamento de recursos para a anulação das punições.
Por: Freud Antunes, especial para o Diário do Acre
Pecuarista foi parar na UTI duas vezes; o filho teve os dois pulmões perfurados
Proprietário da Fazenda São José, no seringal São Domingos, a 40 quilômetros da fronteira com o estado de Rondônia, José Roberto Passos foi um dos autores das denúncias que podem ter resultado na Operação Ojuara, da Polícia Federal. Vítima de dez tentativas de homicídio, ele as atribui às queixas encaminhadas ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O dono da propriedade que mede 13,4 mil hectares, localizada do lado acreano da fronteira, próximo à Ponta do Abunã e ao Sul do Amazonas, Passos afirma que por várias vezes os madeireiros, apoiados por 80 ou 100 homens armados, invadiram sua área de terra para derrubar árvores e roubar as toras.
Roberto Passos com o filho Luis, na UTI/Cedida
Após tantas denúncias, ele conta que os madeireiros voltaram a contratar pistoleiros e o filho dele, Adans Luiz Oliveira Passos, acabou sendo o alvo da tocaia. Luiz teve os dois pulmões perfurados durante o tiroteio, cometido em Rio Branco, no ramal Brindeiro, na Vila Acre.
“Identifiquei todo mundo, mas como o próprio órgão que cuidava está envolvido, o Ibama, aí, toda vez que fazia uma denúncia eu sofria um atentado. Sofri os últimos três atentados, e dessa última vez atiraram no meu filho, mas era pra mim. Meu filho está com os dois pulmões perfurados. O atentado foi no dia 22 (de abril deste ano)”, disse.
Luiz dirigia uma caminhonete com películas escuras nos vidros das janelas, e certamente foi alvo dos disparos porque acabou confundido com o pai.
O próprio Passos, vítima de outros crimes semelhantes – sendo um deles em 2017 –, teve a caminhonete metralhada por 118 tiros, tendo sido atingido por quatro e o filho por outros seis.
Veículo metralhado em emboscada/Cedida
“Essa foi a décima vez, e por três vezes tive que vir para a UTI [Unidade de Tratamento Intensivo]”, conta.
Passos diz ter perdido metade dos órgãos devido às recorrentes tentativas de homicídio: rins, baço e pulmão. Ele também foi atingido no fígado.
Sempre que tinha invasão, eu procurava meus direitos, ia ao Ibama. Tempos depois eu sofria outro atentado. De tocaia, sofri quatro atentados na fazenda, duas em Extrema, três na California e uma aqui [em Rio Branco]”, diz emocionado por ter sonhado com projetos produtivos para área, os quais não pôde executar.
Além da violência de que ele e o filho foram vítimas, o fazendeiro afirma ter sofrido com o prejuízo de R$ 10 milhões – parte dos quais provenientes de multas aplicadas pela derrubada de madeira feita por invasores.
Marcas da violência/Cedida
“[Na localidade] A única terra documentada é a minha. Estava com quatro projetos lá. O problema meu não foi sem-terra. Meus problemas são os pistoleiros e a ganância dos madeireiros. Tudo pela ganância dos madeireiros, inclusive uns já estão preso”, afirmou.
Roberto explicou ter mais de 200 queixas registradas em diferentes órgãos. Além do Ibama, ele teria procurado o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal, as polícias de Rondônia, Amazonas e do Acre.
Operação Ojuara
A Operação Ojuara, deflagrada nesta semana pela Polícia Federal (PF), prendeu servidores do Ibama, Policiais Militares e fazendeiros acusados de crimes ambientais.
Os servidores do Instituto são acusados de fornecer informações sobre operações que seriam realizadas ou de preencher os autos de infração de forma errada para facilitar o ajuizamento de recursos para a anulação das punições.
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