Sem ações contra coronavíru , virologista prevê até 1 milhão mortos até agosto

Sem ações contra coronavírus, virologista prevê até 1 milhão mortos até agosto

O Tempo
Até desenvolvimento de vacina ou medicamento, mundo pode ter que alternar entre políticas de mitigação e de supressão, pois pandemia pode arrefecer e retornar

Biólogo Átila Iamarino prevê até um milhão de mortos se não houve atuação mais incisiva para restringir circulação de pessoas

Em uma transmissão ao vivo por meio de seu canal no YouTube, o biólogo Átila Iamarino desenhou um cenário apocalípto em relação à pandemia de coronavírus no país. Doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP) e com passagem pela Yale University, nos Estados Unidos, ele acredita que, se medidas efetivas não forem tomadas e  "se deixar mais que o básico (em termos de serviço) funcionando", o Brasil pode somar até 1 milhão de mortos até o fim de agosto em razão da Covid 19.

O aterrador cenário previsto pelo divulgador científico é baseado no estudo Impacto de intervenções não farmacêuticas (NPIs) para reduzir a mortalidade por COVID19 e a demanda de assistência à saúde.

O texto trabalha com duas hipóteses: a supressão, que diz respeito às medidas mais severas com relação a circulação de pessoas, que ainda causaria milhares de mortes, e a mitigação, em que a restrição é apenas parcial, e que levaria a milhões de óbitos.

De acordo com o artigo publicado em 16 de março e assinado por 30 pesquisadores, mais de 80% das populações do Reino Unido e dos Estados Unidos podem ser, potencialmente, contagiadas. Iamarino examina o estudo à luz da situação no Brasil.

O biólogo lembra, ainda, as previsões do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que previu colapso do sistema de saúde até o final de abril. Com isso, acrescenta Iamarino, haverá complicação para o atendimento de outras doenças, dado que faltarão leitos.

Parar o país

Iamarino sinaliza que a estratégia chinesa, com isolamento e quarentena, deve ser implementada para conter a pandemia. "É o que a gente tem de efetivo", diz. O cientista lembra que a China "parou o país" em 23 de janeiro, quando somavam 269 casos por dia, com cerca de 800 no total. Com a medida, a curva de transmissão se reduziu e, agora, começa a estancar.

A título de comparação, Iamarino observa que a Itália demorou mais para adotar medidas mais restritivas, fazendo isso apenas quando o país somava 10 mil casos, com 1.000 novos infectados por dia. Com o atraso, a curva de transmissão se acentuou e o volume de contagiados segue expressivo.

No Brasil, segundo dados divulgados até 12h30 deste sábado pelas secretarias estaduais de Saúde, são 1.021 casos confirmados e 18 mortes. Segundo balanço oficial do Ministério da Saúde, as confirmações totalizam 904 casos e 11 mortes.

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