Sob pressão, Bolsonaro adia escolha do novo ministro da justiça

Sob pressão, Bolsonaro adia escolha do novo ministro da Justiça
Pressionado pelas acusações de Sergio Moro de que tentava interferir em investigações da Polícia Federal (PF), o presidente Jair Bolsonaro decidiu adiar a escolha do novo ministro da Justiça e deve ouvir juristas para o cargo. Até sexta-feira, Bolsonaro estava decidido a deslocar o ministro Jorge Oliveira, da Secretaria Geral da Presidência, para a pasta. Porém, o próprio Jorge tem relatado desconforto em assumir a pasta depois das acusações de Moro.

Um dos principais conselheiros do presidente, Jorge tem argumentado que a melhor alternativa para o governo seria uma “indicação técnica” para a Justiça. Jorge participou de uma reunião com o presidente na manhã de ontem no Palácio da Alvorada, na presença do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, dos secretários de Comunicação, Fábio Wajngarten, e de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, além do deputado Hélio Lopes (PSL-RJ) e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Contam a favor da escolha de Oliveira para a Justiça a experiência na área jurídica e também de segurança pública. Além do comando da Secretaria-Geral, Oliveira acumula a subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) e também é major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal. Segundo aliados, ele avisou a Bolsonaro temer que sua nomeação seja interpretada como uma possibilidade de o presidente “influenciar na PF” e também teme pela proximidade com os filhos do presidente.

A ala militar do Palácio do Planalto defende que Bolsonaro indique um sucessor renomado ou de alguém que tenha o mesmo “tamanho” do ex-juiz. Ministros argumentam não haver dúvida da competência de Oliveira, porém, apostam que a indicação de alguém de fora do governo para tirar o ar de suspeição.

Se as mudanças tivessem sido anunciadas na sexta-feira, como ministros defenderam, o cenário teria sido Jorge Oliveira na Justiça. Para seu lugar na SAJ, estavam cotados dois nomes: Almirante Flávio Rocha e secretário Antonio Carlos Paiva Futuro. Nesse desenho, a pasta da Justiça poderia ser desmembrada e Anderson Torres assumiria a Segurança Pública. Chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem já estaria na direção-geral da Polícia Federal.

Mas já que Bolsonaro deve ouvir mais nomes, entre as opções está Ivan Satori, considerado de perfil bolsonarista, que se aposentou em 2019. Ele presidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo e foi relator do processo dos policiais militares envolvidos no massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 detentos em 1992. Sartori votou pela absolvição dos policiais envolvidos sob a alegação de que os policiais agiram em legítima defesa.

Outro nome que também tem sido defendido pelos ministros aliados de Bolsonaro é o do desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Segundo a colunista Bela Megale, Thompson é visto como “uma boa solução”, já que também atuou na Lava-Jato. Foi ele quem manteve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso numa batalha de despachos entre desembargadores do TRF-4 a favor e contra a soltura de Lula. Na ocasião, ele atendeu a um pedido do próprio Moro, então juiz da Lava-Jato em Curitiba. Outro cotado é o desembargador Nagib Slaibi Filho, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Do Mais Goiás

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