Bolsonaro tira de contexto dado da OMS sobre assintomático e pede abertura

BOLSONARO TIRA DE CONTEXTO DADO DA OMS SOBRE ASSINTOMÁTICOS E PEDE ABERTURA  

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (9) que espera uma “reabertura mais rápida” das atividades econômicas e que o “pânico pregado por parte da grande mídia” vai acabar depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter divulgado ontem que a disseminação do coronavírus por pessoas assintomáticas é “muito rara”.

A OMS, no entanto, alertou que há perigo de pessoas pré-sintomáticas transmitirem o vírus e avisou que os estudos sobre assintomáticos ainda não são muito abrangentes, informações omitidas pelo presidente. As declarações do mandatário ocorreram na abertura da reunião periódica do chamado conselho de governo, que reúne os principais ministros e chefes de autarquias, bancos e outros órgãos importantes.

“Ontem a OMS também disse que a transmissão de pessoas assintomáticas é praticamente zero. Muitas lições serão tomadas. Isso pode sinalizar a uma abertura mais rápida e do comércio e a extinção de medidas mais rígidas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e por prefeitos e governos estaduais. O governo federal não participou disso. Vai ter muita discussão”, disse Bolsonaro.

“Esse pânico que foi pregado lá atrás por parte da grande mídia começa talvez a se dissipar levando em conta o que a OMS falou por parte do contágio dos assintomáticos”, completou.

A OMS, na verdade, informou que “parece haver” baixa transmissibilidade de assintomáticos e citou por enquanto apenas um estudo de pequeno porte feito pela China.

A chefe do programa de emergências da entidade, Maria van Kerkhove, ressaltou depois, em sua conta no Twitter, que há diferenças entre assintomáticos e pré-sintomáticos —pessoas que ainda não têm sintomas, mas vão desenvolvê-los. Essas pessoas transmitem mais intensamente no início da contaminação.

Bolsonaro passou a defender novamente o fim do isolamento social com mais vigor depois dessas informações. “Quem sabe poderemos voltar à normalidade que tínhamos no começo deste ano”, disse Bolsonaro ao abrir a reunião.

Apesar do estudo citado, a OMS não reviu a necessidade de isolamento social para frear a disseminação do vírus.
Folhapress | Íntegra no site | Foto: Marcello Casal/Ag. Brasil

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