O juiz federal Sergio Moro aceitou nesta quinta-feira (3) a denúncia feita pela MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná) contra o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, e outras 14 pessoas. Com a decisão de Moro, Palocci, que está preso desde o dia 26 de setembro em Curitiba, vira réu da Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
A denúncia apura, entre outras condutas, pagamento aos publicitários João Santana e Mônica Moura que teriam sido feitos com dinheiro de propina paga pela empreiteira Odebrecht. Além de Palocci, também viraram réus o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Bahia Odebrecht e o casal de publicitários.
Segundo a denúncia, "parte da propina paga pela Odebrecht ao PT estaria relacionada à atuação de Antonio Palocci em favor da empreiteira na contratação pela Petrobras de 28 sondas de perfuração para a exploração de petróleo na área do pré-sal. "
Palocci havia sido denunciado pelos procuradores da Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele foi apontado pelos procuradores como o responsável pelo "caixa geral" de acertos de propina entre o Grupo Odebrecht e o PT.
Apesar de Palocci ter argumentado que ele não era o "italiano" ao qual a planilha se referia, o juiz Sergio Moro afirmou em seu despacho que há "razões fundadas para identificar Antonio Palocci Filho como a pessoa identificada pelo codinome Italiano".
Antonio Palocci foi ministro da Fazenda durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas deixou o cargo em 2006 após o desgaste causado por denúncias de corrupção durante o período em que foi prefeito de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Em 2011, ele voltou ao governo, desta vez como ministro-chefe da Casa Civil da então presidente Dilma Rousseff (PT). Palocci, no entanto, deixou o cargo novamente após revelações sobre o crescimento de seu patrimônio durante o período em que foi deputado federal pelo PT.
Para o advogado de Palocci, José Roberto Batocchio, a aceitação da denúncia feita pelo MPF contra o ex-ministro não é uma surpresa. "Não conheço nenhum episódio na Lava Jato em que o juiz Moro não aceitou uma denúncia feita pelos procuradores", afirmou. O advogado argumentou que a denúncia contra seu cliente é "vazia" e "imprecisa" e que não acredita que Palocci terá um julgamento justo na primeira instância.
"Não quero personalizar. Eu não conheço esse juiz [Sergio Moro]. Mas com este sistema organizado, com este, este concerto de incriminação a qualquer preço que existe no seio dessas acusações, não há possibilidade de julgamento justo. Não há juízes. Há apenas acusadores", afirma.
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