"Estou á disposição dá justiça" , diz Eike Batista ao embarcar para o Brasil


Renata Cafardo/Folhapress
Eike Batista, pouco antes de embarcar para o Brasil no aeroporto JFK, em Nova York

O empresário Eike Batista confirmou que vai se entregar à Justiça brasileira quando chegar ao Brasil nesta segunda-feira (30). A declaração foi dada em entrevista no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, ao Fantástico, da TV Globo, pouco antes de embarcar para o Rio de Janeiro. O voo, que decolou por volta da 0h45 (no horário de Brasília), deve chegar ao Brasil por volta das 10h30.

"Vou responder à Justiça como é meu dever. Está na hora de eu mostrar o que é e ajudar a passar as coisas a limpo", disse. Questionado, Eike afirmou que "nunca passou por sua cabeça" seguir para a Alemanha, país do qual também tem cidadania e do qual, portanto, não poderia ser extraditado para o Brasil.

O empresário será detido assim que pisar no Brasil, já que teve a prisão decretada na quinta-feira (26), no âmbito da Operação Eficiência, segunda fase da Calicute, o desdobramento da Lava Jato no Rio. Ele é considerado foragido da Justiça brasileira e está na lista de procurados da Interpol.

"Tem de se mostrar o que é. Está na hora de ajudar a passar as coisas a limpo", disse Eike antes de embarcar. Ele deverá aguardar julgamento em uma cela comum já que não concluiu o ensino superior e não tem diploma universitário.

Já dentro do avião, o empresário foi questionado se admitirá o pagamento de propina. "Eu tenho de responder isso para a Justiça. Não posso passar isso para ninguém ainda. Se não, não fica legal', afirmou.

A investigação apura esquema usado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB) e outros investigados para ocultar mais de US$ 100 milhões remetidos ao exterior. Desse valor, repassado em ações da Vale, da Petrobras e da Ambev, apenas 10% já foi recuperado pelo Ministério Público Federal.

Segundo as investigações, Eike pagou US$ 16,5 milhões em propina a Cabra. Ao decidir pela prisão preventiva de Eike e de mais oito pessoas, o juiz Marcelo Bretas argumentou que havia "a necessidade estancar imediatamente a atividade criminosa".

"A repressão à organização criminosa que teria se instalado no Governo do Estado do Rio de Janeiro há de receber, deste Juízo Federal, o rigor previsto no Ordenamento Jurídico nacional e internacional", diz o magistrado em seu despacho.

Além da de Eike, foram pedidas as prisões do ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB), o ex-secretário Wilson Carlos, o ex-assessor de Cabral Carlos Miranda. Também são alvos Luiz Carlos Bezerra, Álvaro José Galliez Novis, Sergio de Castro Oliveira, Thiago Aragão, Francisco de Assis Neto e o advogado Flávio Godinho. Cabral, Wilson Carlos e Miranda foram presos na primeira fase, de 17 de novembro de 2016.

 (Com Estadão Conteúdo)

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