"Eu fiz um compromisso com ele, ele abriu mão de 22 anos de magistratura. A primeira vaga que tiver lá [no STF], estará à disposição", disse Bolsonaro, numa entrevista ao programa do jornalista Milton Neves, da rádio Bandeirantes.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao lado do ministro Sergio Moro - Pedro Ladeira/Folhapress
"A primeira vaga que tiver eu tenho esse compromisso e se Deus quiser nós cumpriremos esse compromisso. O Brasil inteiro vai aplaudir", acrescentou o presidente.
O primeiro ministro do Supremo que deve deixar a Corte é o decano Celso de Mello, que atinge a idade de aposentadoria obrigatória em novembro de 2020. A segunda vaga no STF deve ficar disponível com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em julho de 2021.
Bolsonaro fez os comentários sobre Moro após ser perguntado pelos entrevistadores sobre uma fala recente do ex-juiz da Lava Jato, que disse a um jornal português que ir para o STF seria "como ganhar na loteria."
Moro foi anunciado ministro da Justiça no início de novembro do ano passado, poucos dias depois de confirmada a vitória de Bolsonaro no segundo turno das eleições.
No que é considerada uma derrota política, Moro viu o o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que estava no Ministério da Justiça, ir para o Ministério da Economia. Ex-juiz era entusiasta do conselho sob seu comando e o vê como importante para sua agenda de combate à corrupção. Folhapress/Pedro Ladeira - 9.mai.2019
Moro recebe cumprimento do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante assinatura de decreto presidencial que flexibiliza regras para atiradores esportivos, caçadores e colecionadores de armas. Apesar de Bolsonaro considerar Moro "um ícone" para o Brasil, tem tomado atitudes que contrariam seu ministro da Justiça. Folhapress/Pedro Ladeira - 7.mai.2019
Na entrevista, Bolsonaro defendeu ainda o pacote legislativo de endurecimento de penas e de combate ao crime organizado patrocinado por Moro.
Ele argumentou que a proposta de Moro é importante por conter medidas rígidas, como o endurecimento das regras de progressão de pena.
Ministro Gilmar Mendes: natural de Diamantino, no Mato Grosso, foi indicado por Fernando Henrique Cardoso.. Alan Marques/Folhapress/
Ministro Roberto Barroso: natural de Vassouras, no Rio de Janeiro, foi indicado por Dilma Rousseff . Pedro Ladeira/Folhapress/
Segundo o presidente da República, o chamado pacote de lei anticrime de Moro já deveria ter sido "discutido e votado" no Congresso.
Questionado pelos entrevistadores se a demora era responsabilidade do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro disse apenas que o deputado é o "dono da pauta" na Casa.
Perda do Coaf Criado em 1998, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) é um órgão de inteligência financeira que investiga operações suspeitas. Ao assumir a Presidência, Bolsonaro tirou o Coaf do Ministério da Economia (antiga Fazenda) e o colocou na pasta de Moro, a Justiça. O ex-juiz acabou derrotado depois que a comissão especial do Congresso que analisa a reestruturação administrativa devolveu o Coaf à Economia
Pacote anticrime parado Principal iniciativa de Moro no ministério, proposta pouco avançou na Câmara, em meio a atritos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chamou Moro de "funcionário de Bolsonaro" depois de o ex-juiz cobrar agilidade na tramitação do pacote no Congresso
Decreto das armas Seu primeiro revés foi ainda em janeiro. O ministro tentou se desvincular da autoria da ideia de flexibilizar a posse de armas, dizendo nos bastidores estar apenas cumprindo ordens do presidente. Teve sua sugestão ignorada de limitar o registro por pessoa a duas armas —o decreto fixou o número em quatro
Laranjas No caso do escândalo de candidaturas de laranjas, enquanto Moro deu declarações evasivas, dizendo que a PF iria investigar se “houvesse necessidade” e que não sabia se havia consistência nas denúncias, Bolsonaro determinou dias depois, de forma enfática, a abertura de investigações para apurar o esquema
Caixa dois Por ordem do Palácio do Planalto, a proposta de criminalização do caixa dois, elaborada pelo ministro da Justiça, vai tramitar separadamente do restante do projeto anticrime
Ilona Szabó Moro teve de demitir a especialista em segurança pública por determinação do presidente, após repercussão negativa da nomeação. Ilona Szabó já se disse contrária ao afrouxamento das regras de acesso a armas e criticou a ideia de ampliação do direito à legítima defesa que está no projeto do ministro.
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