Almir Guineto ,um dos fundadores do grupo Fudo de Quintal , morre aos 70



Do UOL, em São Paulo

O sambista Almir Guineto, um dos nomes mais importantes do samba de raiz, morreu aos 70 anos às 12h40 desta sexta-feira (5), no Rio de Janeiro, em decorrência de problemas complicações cardíacas e insuficiência renal. A informação foi confirmada pela assessoria do artista.

Guineto estava internado desde o dia 3 de fevereiro, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, na Zona Norte do Rio para tratamento de uma pneumonia e complicações provocadas pela diabetes. O músico, no entanto, estava há 15 meses longe do palco. Na tarde de quinta-feira (4), o carioca teve uma parada cardíaca, foi reanimado e respirava com ajuda de aparelhos.
Nos anos 70, o sambista fazia parte do grupo de compositores do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, tocando com um banjo adaptado com um braço de cavaquinho, posteriormente usado por outros sambistas. 
Guineto também fundou o grupo Fundo de Quintal com os amigos Bira, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany, mas seguiu carreira solo logo em seguida, com sucessos como "Insensato Destino" e "Caxambu".

Com Jorge Aragão e Luiz Carlos compôs o clássico "Coisinha do Pai", imortalizado na voz de Beth Carvalho. Em 1997, a música foi tocada em Marte para "acordar" o robô Pathfinder. 
O grupo Fundo de Quintal será o homenageado pela Mancha Verde no Carnaval de 2018 com o enredo "A Amizade, a Manche Agradece do Fundo do Nosso Quintal". O Cacique de Ramos já foi homenageado em 2012 pela Mangueira, com um enredo sobre os 50 anos do bloco. 
Sambistas e pagodeiros como Alcione, Salgadinho, Alexandre Pires e Belo lamentaram a partida do parceiro, mestre e professor. "O samba está de luto", declarou Alcione.
O músico deixa a esposa Regina Caetano, três filhos (Almirzinho Serra, Walmir Serra e Hugo Serra) e quatro netos. Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento. 



Do Morro do Salgueiro a Marte

Nascido no Morro do Salgueiro, no Rio de Janeiro, em julho de 1946, Almir de Souza Serra, o Almir Guineto, foi um dos maiores representantes do samba de raiz, trilha sonora da sua infância. Seu pai Iraci de Souza Serra era violonista e sua mãe Nair de Souza, conhecida como "Dona Fia", era costureira e uma das principais figuras da Acadêmicos do Salgueiro.
Nos anos 1970, já mestre de bateria, Guineto foi um dos principais incentivadores para a criação do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, um dos marcos do Carnaval de rua do Rio de Janeiro. Da folia, surgiu o grupo Fundo de Quintal, composto originalmente por Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany.
Nas rodas de samba, Guineto inovou a sonoridade ao introduzir um banjo com afinação de cavaquinho. A sonoridade diferenciada influenciaria grupos na época e daria origem ao pagode.
O Fundo de Quintal ganhou notoriedade no disco “De Pé no Chão”, de Beth Carvalho, em 1978. A cantora também foi a principal entusiasta das canções de Guineto ao gravar e emplacar nas rádios “É, Pois É”, “À Luta, Vai-Vai” e “Coisinha do Pai”, um de seus sambas mais clássicos.

O músico deixou o grupo logo após a gravação de "Samba é no Fundo de Quintal" para lançar “O Suburbano” (1981) o primeiro disco da carreira solo, que teria grande sucesso comercial na década com "Insensato Destino", "Mel na Boca" e "Lama nas Ruas".
Em 1997, "Coisinha do Pai" foi programada pela engenheira brasileira da Nasa Jacqueline Lyra para acionar um robô norte-americano em Marte. A ida de um samba seu para outro planeta o inspirou a compor "Samba de Marte".
Seu último disco de inéditas, “Cartão de Visita”, foi lançado em 2012.

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