Aos 42 anos, o ciclo-turista Heleno Morais se aventurou nas estradas do Brasil para conhecer a namorada que mora no interior do Acre, em Cruzeiro do Sul. Ele saiu de Brasília (DF) no dia 31 de maio e chegou na cidade acreana no dia 27 de junho. O que motivou a aventura foi a namorada Pâmela da Silva, de 21 anos, que conheceu nas redes sociais.
“Não conhecia a região Norte e um dia teria que fazer isso para alcançar meu objetivo de percorrer os 27 estados. Conheci a Pâmela pelo Facebook, começamos a namorar, interagimos alguns meses pelas redes sociais e decidi unir o útil ao agradável, percorri estados que não conhecia e vim conhecer a família de minha namorada” conta.
Formado em educação física, ele diz que largou um emprego de lojista na capital federal. “A empresa passava por dificuldade e fiz acordo. Minha rescisão deu R$ 2.756 e foi divida em cinco parcelas que estão sendo depositadas em minha conta", explica.
O ciclista faz parte do Projeto Brasil em Duas Rodas, com núcleo do Distrito Federal, desde o dia 6 de abril de 2006 e tem como meta percorrer os 27 estados do Brasil com sua bike. Depois, pensa em percorrer os 12 países da América do Sul e as três Américas para promover a difusão do ciclismo, de caráter amador, e estudar o comportamento do homem com sua bicicleta.
Rubens percorreu 2.926 quilômetros até chegar a Manoel Urbano, cidade a 215 km de Rio Branco, onde foi aconselhado a seguir a viagem de ônibus por conta da má condição da estrada.
“Infelizmente, não cheguei aqui como gostaria. Trazia 34 quilos de peso e até Manoel Urbano foram 2.926 km e demorei 26 dias neste trajeto. De lá, peguei um ônibus e cheguei ao meu destino, que era conhecer a família de minha namorada. Tenho intenção de viver ao lado dela o resto de minha vida”, explica.
Para poder seguir viagem, ele também teve que deixar a bicicleta na casa de um homem que conheceu na cidade. Na época, a estrada estava intrafegável.
“Foi uma viagem difícil, a região é muito quente. Eu trabalhava numa empresa e decidi viajar antes de receber a rescisão de contrato. Com isso, trouxe pouco recurso. Não conhecia ninguém nesta região. Pretendo ficar aqui por ao menos três meses e está sendo difícil me manter. Alugamos uma casa e estamos vivendo da venda de bolos de pote, que eu e minha namorada produzimos e vendo pelas ruas da cidade”, conta.
Ele relata que para chegar até Cruzeiro do Sul teve que contar com a solidariedade das pessoas que encontrava no caminho. “Para chegar aqui gastei cerca de R$ 300 com alimentação. Dormia em postos de gasolina, em postos da Polícia Rodoviária federal e recebi solidariedade e ajuda de muitas pessoas”, diz.
Depois desse período no interior do Acre, Morais pretende conhecer o Peru, Chile e Bolívia, após voltar a Rio Branco e ter de volta a bicicleta. “Já conversei com a minha namorada e estou preparando ela para seguir viagem comigo. Para isso, estou em busca de patrocínio para comprar uma bicicleta para ela. Enquanto isso não acontece, vamos nos virando com bolos de pote que vendemos”, conta.
Apesar do clima quente e da árdua viagem até a cidade acreana, o cicloturista diz que a aventura valeu a pena e que está feliz e realizado. “Estou muito feliz e realizado. Cada ciclo da viagem é uma aventura. Mas esta foi diferente, pois mexeu com meu coração. Contei com a solidariedade de muitas pessoas e estou muito feliz com minha futura mulher”, destaca.
Além de viver uma história de amor, ele também quer fazer com que outras pessoas se apaixonem pelas pedaladas que, segundo ele, o faz se sentir livre para ir a qualquer lugar do mundo.
“As pessoas precisam experimentar o prazer e a liberdade de fazer determinados trechos de viagens sem depredar o meio ambiente e colaborando com sua saúde. Espero que as pessoas se conscientizem de que a bicicleta pode levar você a qualquer lugar. Basta ter fé e determinação. Devagar se chega aonde se quer”, finaliza.
(G1/AC)
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