Membro da etnia Kaxinawá denuncia situação de abandono da saúde indígena em Santa Rosa do Purus


 Thalis-Da Agência Contilnet notícias

“O povo está sofrendo e ninguém ainda fez nada. Não tem equipe, nem funcionários… Nada para nos ajudar. Mais de oito crianças já morreram, incluindo minha filha de dois anos de idade. Precisamos que a situação do Distrito se resolva para que nossa comunidade não morra por falta de atendimento, por falta de remédio e por falta de atenção.”

O relato acima, feito à equipe ContilNet pelo membro da etnia Kaxinawá que se identificou como Evilázio, trata de uma situação que está acontecendo no município de Santa Rosa do Purus, no interior do Estado. Em um período relativamente curto (menos de seis meses), de acordo com o indígena, oito crianças faleceram em decorrência de diversos problemas de saúde e da falta de atendimento do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Purus (DSEI-ARPU).

A situação se agrava devido aos fatos do dia 20 de julho deste ano, quando o então coordenador do DSEI, Sérgio Ricardo Alves de Oliveira, foi afastado da função (junto com outros dois servidores) em decorrência da Operação Abaçaí, sob suspeita de corrupção e constatação de diversas irregularidades em contratos e desvio de recursos.

Após afastamento do antigo coordenador na Operação Abaçaí, DSEI do Alto Rio Purus continua sem representante /Foto: Reprodução

Desde então, após mais de um mês, o Distrito segue sem um novo coordenador nomeado por Brasília – já que, por se tratar de saúde indígena, é de competência federal, ligada exclusivamente à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

De acordo com a assessoria da Promotoria da Saúde, ligada ao Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), a nomeação do novo coordenador é exclusiva de Brasília, sendo competência do Ministério Público Federal (MPF).

Ao entrar em contato com a equipe do DSEI do Alto Purus, o funcionário Walcimar Silva de Souza, na função de “coordenador substituto”, explicou que uma equipe esteve no local entre os dias 29 e 30 de agosto, e que pelo menos dois óbitos foram realmente confirmados, sendo que pelo menos um destes entra de acordo com a denúncia de Evilázio.

“O Distrito realmente esteve ‘parado’ após o afastamento do Sérgio, que passa por investigação, mas a equipe já está sendo enviada para a localidade para garantir o atendimento de qualidade que a população indígena do Acre merece”, disse Walcimar.

A equipe da ContilNet entrou em contato com a assessoria da Sesai na última sexta-feira (1º de setembro) para saber mais detalhes da situação, incluindo a previsão de um novo coordenador, mas até o fechamento desta matéria, não houve resposta da assessoria.

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