O Dogma da Assunção
A festa de Nossa Senhora da Glória celebra uma das partes mais significativas da vida de Maria: sua subida ao céu de corpo e alma. O acontecimento em si foi definido como um dogma. Assim, ao mesmo tempo em que se celebra a festa da subida de Maria ao céu, se está festejando também o dogma da Assunção. Na Assunção Maria é elevada aos céus de corpo e alma. Esse dogma diz respeito ao fim da vida de Maria aqui na Terra e sua ida para os céus. É o que se celebra na Festa da Assunção. O dogma foi o mais recente a ser proclamado. Foi anunciado pelo Papa Pio XII em 1º de novembro de 1950, por meio de um documento oficial da igreja, a Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus”. Assim ele se expressou no dia da promulgação:
“É dogma divinamente revelado que Maria, a Imaculada, Mãe de Deus, sempre Virgem, depois de terminar o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à Gloria Celeste.”
O dogma da Assunção de Maria, celebrado no dia 15 de agosto, recebe também outras denominações, tais como: Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Glória ou Abadia.
As primeiras festas em Cruzeiro do Sul, Acre
Nossa Senhora da Glória, antes mesmo da presença da Igreja Católica, já fazia parte da vida e do cotidiano de muitas pessoas da região do Acre. Basta lembrar como ela era invocada pelos soldados brasileiros, em luta contra os invasores peruanos e bolivianos na fronteira com o Brasil, entre os anos de 1888 a 1907.
Em 1911 era lançada a pedra fundamental da primeira igreja católica de Cruzeiro do Sul. Por volta de 1915 a mesma ficava pronta para acolher os fiéis e realizar os atos religiosos. Para a definição do nome de sua padroeira, foi realizado um plebiscito junto à população do Vale do Juruá. “Nossa Senhora da Glória, guia espiritual dos heróis brasileiros que lutaram contra os invasores peruanos nos idos de 1888 a 1907, defendendo as terras brasileiras, foi a grande vencedora, disputando com São Francisco, São José, São Sebastião, Santo Antônio e Nossa Senhora da Conceição.” A primeira paróquia, localizada no alto do Morro da Glória permaneceu na ativa até 1966.
Com a ereção da primeira paróquia e a escolha de sua padroeira, começaram a se organizar os primeiros movimentos da festa na cidade. Com a presença da Igreja Católica, as pessoas encontraram mais apoio e incentivo, por ser ela, a maior promotora e incentivadora das tradições marianas no mundo.
Nos dizeres do senhor Alberto Rodrigues, coroinha desde 1952, “em 1918 já aconteciam os encontros do apostolado da oração, lá na capelinha, no alto do Morro da Glória. Foi também nesse ano que ocorreu a primeira Festa da Padroeira na cidade na cidade.” De um dos veículos de comunicação mais influente na cidade vem o seguinte relato:
“Foi no mês de agosto de 1918, numa pequena casa no Morro da Gloria que o padre francês Afonso, deu inicio a primeira celebração do novenário de Nossa Senhora da Gloria em plena floresta amazônica.
Na época, o Acre estava recém saído dos conflitos da Revolução Acreana e Cruzeiro do Sul ainda passava por turbulências políticas pela rejeição popular aos governantes enviados pela república brasileira para comandar os destinos dos cruzeirenses. Os cânticos e orações nas nove noites de celebração foram a semente para que a população nesse vale do rio Juruá pudesse, nas próximas décadas que se seguiram, manifestar toda sua religiosidade e fé, através da figura imaculada de Nossa Senhora da Gloria. A partir daqueles dias estava iniciada uma tradição que rompeu o século XXI e hoje, já faz parte do calendário religioso e até se estendeu para economia e para a cultura da centenária cidade de Cruzeiro do Sul.”
escrito por: *Emerson Araújo
emersonacre@hotmail.com
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