Dez dias após morte de criança, bueiros são tampados em estação de esgoto desativada em Rio Branco


Equipe do Depasa foi na Rua Pequena Jéssica, nesta segunda (17), tampar bueiros de esgoto. Vilk Gabriel morreu afogado no último dia 7, no bairro Wanderlei Dantas.

Por Aline Nascimento, G1 AC — Rio Branco
Dez dias após a morte do pequeno Vilk Gabriel André de Lima, de 8 anos, o Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) enviou uma equipe, nesta segunda-feira (17), à estação de tratamento de esgoto desativada do bairro Wanderlei Dantas, em Rio Branco.

No último dia 7, o garoto caiu em um dos bueiros abertos, na Rua Pequena Jéssica, e morreu afogado. Vilk brincava com outras crianças quando caiu e se afogou. Eles sentiram falta do amigo e foram avisar à mãe dele, que foi quem encontrou a sandália de Vilk boiando no bueiro.

Em nota, nesta segunda, o Depasa prometeu fechar todos os bueiros abertos da estação. O órgão alegou que as tampas são constantemente furtadas das estações de tratamento.

“O trabalho de coibir a ação de vândalos que danificaram instalações dos equipamentos do Depasa colocando em risco a vida de população. Independentemente de quem seja a responsabilidade do espaço, o Depasa tem o compromisso de servir e buscar contribuir com a sociedade acreana”, citou.

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Em entrevista à Rede Amazônica Acre, a mãe de Vilk, Maria Alcilene, disse acreditar que houve negligência por parte do estado, já que o bueiro estava aberto e não havia nenhum tipo de sinalização.

“Muito triste, meu coração partiu ao meio. Espero Justiça, porque quem deixa um buraco desse aberto é um assassino, não tem coração”, disse entre lágrimas.

O caso sensibilizou toda a comunidade e um grupo de amigos de Vilk se reuniu no dia 10, em uma manifestação após a morte do garoto. Os cartazes com frases como ‘craque do futuro’, ‘descaso’, ‘sonho interrompido’, foram exposto pelo grupo, que também pediu por justiça.

Local estava desativado

O Depasa confirmou, após a morte da criança, que estação estava realmente desativada. No local, não havia nenhum tipo de sinalização informando o perigo.

“Em princípio, trata-se de uma unidade antiga, pertencente ao extinto Saerb, que não chegou a ser oficialmente entregue ao estado. O fato será apurado e todas medidas cabíveis serão tomadas".

Porém, contratos mostram que no processo de transição do Saerb para o Depasa todas as estações elevatórias foram repassadas à autarquia.

O órgão explicou ainda que o local é uma estação elevatória. “Sistema que utiliza para bombear esgoto de partes baixas para o alto com fim de transportá-lo até a estação de tratamento. No caso dessa da Rua Pequena Jéssica, é bem antiga e estava desativada”, complementa o documento.

Também em nota, a Defensoria Pública informou que não tinha conhecimento sobre o caso, mas que aguardava a família procurar a instituição para fazer o acompanhamento. Além disso, o órgão se colocou à disposição para identificar os responsáveis pelo acidente.

A Polícia Civil afirmou que o caso é acompanhado pela Delegacia da 5ª Regional, de responsabilidade do delegado Nilton Boscaro. Segundo o delegado, a investigação deve durar 30 dias, período em que serão ouvidas as testemunhas e feitas as diligências para se chegar à materialidade e responsáveis pelo possível crime.

A Prefeitura de Rio Branco, em nota, afirmou que o serviço de captação de água e de esgoto da capital acreana é de responsabilidade do Depasa desde 2012.

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