Defesa alega insanidade mental de jovem que matou mulher com 45 facadas e padastro no Ac


Willyan Cordeiro da Silva está preso na ala de saúde mental da unidade em Rio Branco. O acusado já responde por um crime de furto qualificado.

Por Tácita Muniz, G1 AC — Rio Branco 

A defesa de Willyan Cordeiro da Silva, de 20 anos, acusado de matar a mulher e o padrasto em Rio Branco, entrou com pedido de insanidade mental para ele. O acusado está preso na ala psiquiátrica do Complexo Prisional Francisco de Oliveira Conde, na capital.

Além do dois processos dos homicídios, Silva também tem uma condenação por furto qualificado em uma escola de Mâncio Lima, no interior do Acre, em 2017. Ele e alguns comparsas arrombaram a escola e roubaram alguns equipamentos.

O material do furto foi encontrado debaixo da cama do acusado, que morava com a avó. Ele confessou o crime e foi condenado há dois anos de reclusão. Na época, ele disse ainda que havia cometido atos infracionais quando menor de idade.

Desde então, a família alega que Silva sofria com surtos constantes em decorrência de esquizofrenia, o que teria ocasionado o cometimentos dos crimes.

A defesa alega que o último laudo médico do acusado, de dezembro do ano passado, aponta que ele tem "alucinações auditivas e crises convulsivas refratárias ao tratamento da doença."

Segundo a defesa, o acusado estava em surto quando cometeu os crimes. Atualmente, ele estava morando em Rio Branco.
Maria José foi morta com 45 facadas, segundo laudo da polícia — Foto: Arquivo pessoal

45 facadas

Maria José Silva dos Santos, de 23 anos, foi morta a facadas na madrugada de 28 de outubro no ano passado. O crime foi cometido na frente dos dois filhos menores de idade no apartamento onde ela morava, no bairro Conquista, em Rio Branco.

Ela mantinha um relacionamento com Silva e foi morta porque o acusado desconfiava que ela tinha o traído. Foram 45 facadas e lesões que apontavam que ela chegou a lutar com ele.

Enquanto a polícia fazia a perícia, o suspeito chegou a ligar para a irmã da vítima para saber como Maria estava. Na ligação, ele justificou o crime para a cunhada dizendo que agiu porque estaria sendo traído pela mulher.

Sobre essa confissão, o advogado de defesa, Walter Luiz Silva, diz que tenta anular a prova, uma vez que considera que não é válida. “A tese foi que conseguiram uma confissão dele sem avisar sobre o direito de ficar calado, não seguiram o procedimento correto”. defende.

Durante depoimento, Silva disse que estava dormindo do lado de Maria quando escutou vozes dizendo sobre a traição da mulher com um vizinho. Em seguida, teria ido até a cozinha e pegado uma faca para esfaquear a mulher. Silva afirmou ainda que não lembrava quantas vezes tinha esfaqueado Maria.

Uma audiência de instrução está marcada para o dia 20 de maio Vara do Tribunal do Júri, em Rio Branco, sobre esse crime.

Hudson Matias da Silva foi morto a facadas em janeiro deste ano também pelo enteado

Padrasto morto

A segunda vítima do acusado foi o padrasto. Menos de três meses depois de ter matado a companheira, Willyan da Silva matou Hudson Matias em 21 de janeiro. Além disso, feriu a própria mãe Samaira Cordeiro, de 37 anos.

Ela alega que o filho é esquizofrênico e estava conversando com a vítima na frente da casa, quando ele foi até a cozinha, pegou a faca e começou a dar os golpes. Foram ao menos cinco facadas e outras lesões pelo corpo.

“Eu estava atrás com minha filha pequena. Minha mãe disse que ele respirou fundo e já foi na cozinha pegar a faca. Ele não teve surto e em nenhum momento falou nada, só levantou e começou a ferir meu marido”, relembra.

Samaria diz ainda que o filho não a feriu propositalmente. “Ele foi pra cima do meu marido. Só me feriu porque eu fui tentar separar”, alega.

Neste processo, o acusado ainda não foi denunciado. No dia 16 de março, o Ministério Público do Acre (MP-AC) pediu que fossem anexados os laudos necessários para o oferecimento da denúncia por homicídio qualificado.

No dia 6 de abril, a Justiça teve acesso a esses laudos e remeteu para que o MP pudesse se posicionar diante do processo.

Esquizofrenia

Todos os documentos e laudos necessários serão anexados no processo. Além disso, a defesa aguarda a perícia no laudo que reconheceria o acusado como insano mentalmente por conta dos transtornos.

A mãe diz que desde pequeno ele tinha um comportamento diferente. Tinha alucinações, além dos ataques epiléticos, que começaram aos oito anos.

Desde que foi preso, a mãe foi visitá-lo apenas uma vez. Ela diz que o filho não tem consciência do que fez e não fala sobre os crimes. O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen) confirmou que ele segue na ala de saúde da unidade separado dos outros presos.

“Faz muito tempo que luto com ele com essa doença. Ele nem sabe o que fez. O psiquiatra já tinha alertado para gente que, se ele não tomasse a medicação podia ter vários surtos. Mas, ele não comia, não dormia. A gente até tentou internar ele, mas não conseguiu”, revela.

Samaria conta ainda que o filho parou de tomar o medicamento para tentar fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), alegando que ficava sonolento com as doses e que precisaria parar de tomar para conseguir fazer as provas.

“Depois ele foi piorando. Mal falava com a gente, quando a gente perguntava, ele dizia que já tinha tomado o remédio, que escutava vozes. Foi assim”, finaliza.

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