Homem é servidor da saúde e confessou que fez o perfil falso para conseguir dinheiro.
Por Tácita Muniz, G1 AC — Rio Branco
Um servidor da Saúde em Cruzeiro do Sul foi preso, nesta quinta-feira (9), depois de ter criado um perfil falso nas redes sociais onde se passava pelo governador do Acre, Gladson Cameli. De acordo com a polícia, ele procurava senhoras com idade mais avançada e vulneráveis para pedir dinheiro.
O delegado Alexnaldo Batista, que investigou o caso, explicou que o fato de o governador ter nascido em Cruzeiro do Sul fez com que o estelionatário soubesse muita coisa, como nomes de familiares e amigos e isso facilitava na hora de aplicar o golpe.
“Ele agia como um Don Juan mesmo, galanteava as senhoras, sempre pessoas com certa idade, mulheres mais velhas, e fazia pedidos. Dava desculpas simples, como o cartão estar bloqueado, dizia que não podia sacar naquele momento e que mais tarde devolvia. Ele alegava um problema financeiro de momento e depois desaparecia”, conta.
O alvo era mulheres com poucas habilidades na internet. O homem também usava nomes de familiares e, por no perfil constar a foto do governador, as vítimas acabavam confiando e transferindo o dinheiro.
“Como o governador é da região, ele se apresentava como tal e sabia muitos detalhes de parentes, amigos, costumes, então a pessoa acreditava. É aquele álibi do golpista, o estelionatário sempre tem essa forma de agir, ele acaba convencendo”, explica Batista.
Na delegacia, ele confessou o crime e disse, inclusive, que havia apagado o perfil porque desconfiava que estava sendo investigado. A polícia diz que ao menos duas vítimas foram identificadas, mas acredita que o número pode ser bem maior.
“Confessou. Disse que bloqueou a conta após aplicar vários golpes. Em nenhum momento ele negou”, diz.
Investigação
O suspeito foi identificado e passou a ser investigado após um trabalho da Investigação da Polícia Civil. Além disso, toda a ação foi coordenada pelo delegado geral, Henrique Maciel.
“Começou em Rio Branco e teve desdobramento em Cruzeiro do Sul, onde foi interrogado, e toda a documentação está retornando para Rio Branco para darmos andamento”, explica.
O delegado disse ainda que a polícia vai periciar tudo que foi apreendido com o suspeito para depois saber em quais crimes ele pode ser enquadrado.
“A gente vai ter que analisar tudo isso e tipificar os possíveis crimes, mas já temos a questão da falsidade ideológica, além de conseguir dinheiro com isso”, pontua.
Crimes virtuais
O delegado Lindomar Ventura disse que o celular da vítima foi apreendido. A linha estava cadastrada no nome da mulher do suspeito, mas, conforme as investigações avançavam, foi possível chegar até o servidor.
Ventura disse ainda que é preciso que as pessoas fiquem atentas a golpes que acabam sendo facilitados pela internet. Destacou ainda que criar perfil falso é crime, assim como espalhar fake news.
“Criar perfil falso, passar mensagens falsas, tudo isso também é crime e a Polícia Civil está investigando. A internet não é terra sem dono, não é terra de ninguém. Hoje com os meios tecnológicos, conseguimos chegar na residência dessa pessoa. Quem pensa que vai ficar no anonimato agindo pela internet, criando pânico, causando transtorno para a sociedade está errado”, finaliza.
Ao G1, a porta-voz do governo, Mirla Miranda, disse que o governador não vai falar sobre o caso e limitou-se a informar apenas que as investigações ocorrem há muito tempo.
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